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Brasil deve adicionar 13 GW de solar em 2025, mas setor enfrenta novos desafios
09-10 2025  359views

O mercado solar brasileiro continua em trajetória de crescimento e deve adicionar cerca de 13 GW de capacidade em 2025, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), durante a Intersolar South America 2025. Mesmo assim, o setor começa a dar sinais de desaceleração, impactado por cortes de geração, gargalos de rede e incertezas regulatórias que afetam tanto grandes usinas quanto a geração distribuída.

Crescimento consistente, mas em ritmo menor

De acordo com uma publicação feita pela PV Magazine sobre as projeções apresentadas na abertura da expo, o Brasil deve encerrar 2025 com 67,1 GW de capacidade solar acumulada, contra 53,9 GW no fim de 2024.

A geração distribuída (GD) deve alcançar 45,2 GW no total, com um acréscimo de 8,5 GW ao longo de 2025 (contra 10 GW em 2024).

Já a geração centralizada deve crescer 4,6 GW, abaixo dos 5,7 GW adicionados no ano anterior.

Apesar da desaceleração, o Brasil segue entre os líderes globais, ocupando o sexto lugar em capacidade acumulada e o quarto em novas conexões anuais.

Riscos regulatórios e competitividade

Na visão da Absolar, é essencial que o país avance em políticas públicas capazes de garantir a competitividade das renováveis. Embora os incentivos para o solar tenham diminuído nos últimos anos, as fontes fósseis continuam recebendo até 4,5 vezes mais benefícios governamentais, de acordo com estudo do Inesc.

Além disso, diferentes medidas provisórias em tramitação no Congresso podem afetar diretamente o setor, seja alterando regras do mercado livre, seja modificando benefícios tarifários ou até mesmo ampliando exigências para ZPEs (Zonas de Processamento de Exportação). Para a Absolar, os riscos são reais, mas também surgem oportunidades importantes para estabelecer um marco regulatório de armazenamento de energia.

Armazenamento como solução estratégica

Um dos maiores entraves hoje está nos cortes de geração, que devem atingir 15% a 20% da produção solar e eólica em 2025, com compensação limitada. Somente os geradores solares podem perder mais de R$ 1,7 bilhão em receita.

Nesse cenário, o armazenamento em baterias surge como peça-chave para reduzir riscos e trazer mais flexibilidade ao sistema. Estudos indicam que algumas aplicações já oferecem retorno sobre o investimento em até cinco anos, reforçando o potencial de expansão desse mercado no Brasil. Atualmente, o país conta com cerca de 800 MWh em sistemas de baterias, mas o crescimento dependerá diretamente da criação de um arcabouço regulatório claro.

Além da geração: mobilidade e infraestrutura

A transição energética brasileira também passa por temas como mobilidade elétrica e redes inteligentes. Investimentos em infraestrutura de carregamento, instalações elétricas de qualidade e sistemas preparados para integrar diferentes fontes serão determinantes para sustentar o avanço do setor.

Apesar dos desafios — que podem representar perdas de até US$ 5 bilhões para solar e eólica em 2025 —, a perspectiva de médio e longo prazo é positiva. A combinação de energia solar, armazenamento e e-mobilidade deve consolidar o Brasil não apenas como um mercado de alto crescimento, mas como referência em inovação e sustentabilidade.